"Se no Antigo Testamento, Deus quase não falara a mulher, como que se guardando para os homens, no século 20 ela não só dialoga com o próprio enigma como já não faz falta fugir para amar. O amor que abrasa está ao alcance da sua fornalha e do seu pensamento. Daí ela forjar o seu corpo mítico e real segundo a dimensão pródiga de sua fantasia. De modo que sua linguagem de poética redentora reescreva o seu enredo, dispense os vocábulos enunciadores do castigo. Ao mesmo tempo em que a vida e a paixão a impulsionam a reconciliar-se com a ingrata história do seu passado."
(Nélida Piñon)
Foto: Acervo particular (Livro "Século XX: a mulher conquista o Brasil")
Um divã emoldura as curvas femininas da modelo. O espelho ao fundo, bizotado e com detalhes art nouveau, revela e amplia toda a atmosfera de intimidade. O cetim da roupa cria um planejamento ideal para as nuances de luz e sombra da pintura. Bernardino de Souza Pereira é o artista que em Taubaté, São Paulo, na década de 20, retrata de forma realista e acadêmica, a percepção do feminino.
("Arrufo" de Belmiro de Almeida)
"O amor também traz arrufos."
(Tatiana Moreira Barbosa)
("O importuno" de Almeida Júnior)
"Assim, esta brasileira, herdeira do engenho humano, é parte do banquete da arte. Leva inscritas no imaginário as marcas de uma matriz que gera seres, mas povoa livros que escreve com personagens lendários."
"Assim, esta brasileira, herdeira do engenho humano, é parte do banquete da arte. Leva inscritas no imaginário as marcas de uma matriz que gera seres, mas povoa livros que escreve com personagens lendários."
(Nélida Piñon)
NESSA IMAGEM, QUEM VOCÊ ACHA QUE É O IMPORTUNO?
NESSA IMAGEM, QUEM VOCÊ ACHA QUE É O IMPORTUNO?
("Leitura" de Almeida Júnior)
"Daquelas mulheres que, trancadas na prisão que lhe resguardava a virtude, talvez imaginassem que no futuro alguma mulher, livre do seu algoz desfrutaria da liberdade."
"Daquelas mulheres que, trancadas na prisão que lhe resguardava a virtude, talvez imaginassem que no futuro alguma mulher, livre do seu algoz desfrutaria da liberdade."
(Nélida Piñon)
E NESSA IMAGEM, QUEM VOCÊ ACHA QUE ESTAVA NA CADEIRA?
E NESSA IMAGEM, QUEM VOCÊ ACHA QUE ESTAVA NA CADEIRA?
RETRATO DE ADELE BLOCH-BAUER (1907)
("Retrato de Adele Bloch-Bauer" de Gustav Klimt)
Em 1897 Gustav Klimt fundou o grupo secessionista, cujo objetivo era enfrentar a burguesia e liberar a arte de todo academicismo. Porém foram justamente as encomendas dos retratos de mulheres da burguesia que o sustentaram. A sensualidade feminina e a técnica do mosaico estão presentes a todo o momento nas telas do artista, mesmo naquelas em que os corpos aparecem cobertos por luxuosas jóias e vestidos. Se observarmos com atenção esta obra, notaremos a presença de símbolos como o olho egípcio e ornamentos de influência bizantina utilizados com frequência por Klimt. A tela retrata a mulher e seu lugar na sociedade do início do século XX.
O BEIJO (1907 – 1908)
("O beijo" de Gustav Klimt)
Esta é uma das obras culminantes da carreira do artista. Desta vez, um quadro seu foi aclamado desde o início e, logo após sua primeira exibição, adquirido pelo governo austríaco. Mestre dos ritmos lineares, ele imortalizou-se pela ousadia com O BEIJO. Aqui, seu amor pelo esplendor decorativo chega ao extremo, com belos motivos florais. Figuras enlaçadas ressaltam toda a sensualidade feminina em poucos e vigorosos traços. Durante essa fase, composta de artistas e pensadores que produziram teorias revolucionárias sobre sexualidade e estética, Klimt elaborou esta obra promovendo um desafio aos conceitos estabelecidos a respeito do comportamento. Esta é a obra que traz a sua mais poderosa representação do tema da união carnal. O xadrez, frio e retangular, apontam para os valores racionais do homem, enquanto os cálices das flores redondas fazem uma alusão á emoção feminina. A beleza decorativa do quadro do artista mascara o erotismo retratado. Realizado numa revolucionária, mas ainda conservadora Viena, trata-se de uma obra-prima que ainda hoje exerce um enorme fascínio sobre todos.
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