Foto: Claro Jansson
“Um trono mais que barroco, almofadões, dísticos cívicos a própria bandeira ordem e progresso! Tudo é perfeito e adequado ao ambiente rigoroso de 1931, que colocava, ao centro da foto feita no estúdio de Claro Jansson – a primeira Rainha dos Estudantes de Itararé. A coroação é eternizada pela presença de uma eventual princesa, a direita, e da mãe, ou professora, a esquerda.” (Livro “Século XX: A mulher conquista o Brasil”)
CONTRAPONTOS
“Só em 1932 foi aprovado o Código Eleitoral Brasileiro, que estendia as mulheres o direito ao voto. No entanto, cinco anos antes no Rio Grande do Norte, já ocorrera a eleição de uma prefeita. Alzira Sorianos se elegeu em Lages, cidade pioneira no direito ao voto feminino.” (Livro “Século XX: A mulher conquista o Brasil”)
Foto: Acervo Iconographia
“Maria Bonita, a Maria do Capitão respeitada e temida até pelos próprios cangaceiros – entrou para o imaginário nacional ao se tornar companheira de Virgulino Ferreira, o Lampião, Rei do Cangaço entre 1930 e 1938.” (Livro “Século XX: A mulher conquista o Brasil”)
Foto: AbaFilm e Sociedade do Cangaço (B. Abrahão)
“SOBRE AS MULHERES”
O ser humano nasce pronto, mas incompleto. Essa incompletude se resolve na vida e nas relações sociais. Ser mulher, assim como ser homem, mais do que um fator biológico, é um fenômeno social. Não somente os papéis sociais, mas a própria subjetividade se compõe a partir de modelos que se fazem e desfazem de acordo com a época, a cultura, a idade, a necessidade.
O mal que a sociedade fez, a nós mulheres, assim como fez aos homens, foi a imposição de um único modelo. Ao contrário dos gregos que, mesmo sendo bastante opressor com as mulheres, as representavam em papéis muito distintos, como a guerreira, a mãe, a esposa ciumenta, a mística, a sedutora, etc. Nos foi dado um lugar de santa, dona de casa, esposa casta, mãe. Mas e o lugar dos homens era um bom lugar?
O homem, mesmo ocupando o papel de opressor, também sofria a restrição de um papel social excessivamente rígido: homens não choram, são provedores da família, tem que ser viris, etc. É a luta das mulheres, ao contrário de ser contra os papéis sociais opressores, se tornou em uma determinada perspectiva contra os homens.
Ainda permanece nas lutas que travamos um ranço, uma reatividade, uma vingança, não somente contra os homens, mas contra a maternidade, os trabalhos domésticos, os cuidados com os filhos, a fragilidade, a sensibilidade, ou tudo que nos lembre daquilo que um dia fomos. E terminamos nos tornando um ser híbrido, que nasceu não de uma ação, mas de uma reação, um ser que nega a si mesmo, nega seu corpo, seus hormônios suas lágrimas pré-menstruais, e buscam cada vez mais conquistas espaços sociais, honras, que nunca fizeram felizes aos homens e hoje oprime e apaga mulheres cada vez mais sozinhas e poderosas. Que percebem, tarde demais, devido ao limite do nosso relógio biológico, que não era nada daquilo que queriam.
Quem somos mulheres de hoje? Mulheres cada vez mais independentes, mas talvez excessivamente independentes, ou oprimidas pela independência. Por isso mulheres maravilhosas, incríveis, criativas, fantásticas, belas, mas sozinhas, aprisionadas por um plano, um projeto de vida construído em reação a opressão a que fomos submetidas. A hora agora nos exige um novo passo: não se trata mais de tomar um lugar, mas de cria-lo: qual o lugar de nossa diferença, qual o lugar que nos faz florescer? Precisamos construir um espaço que nos caiba e este espaço deve ser necessariamente complexo, como nosso corpo, nossa potencialidade. A mulher expande pra dentro, mas também expande pra fora em forma de broto, filho, criação, invenção.
O mal que a sociedade fez, a nós mulheres, assim como fez aos homens, foi a imposição de um único modelo. Ao contrário dos gregos que, mesmo sendo bastante opressor com as mulheres, as representavam em papéis muito distintos, como a guerreira, a mãe, a esposa ciumenta, a mística, a sedutora, etc. Nos foi dado um lugar de santa, dona de casa, esposa casta, mãe. Mas e o lugar dos homens era um bom lugar?
O homem, mesmo ocupando o papel de opressor, também sofria a restrição de um papel social excessivamente rígido: homens não choram, são provedores da família, tem que ser viris, etc. É a luta das mulheres, ao contrário de ser contra os papéis sociais opressores, se tornou em uma determinada perspectiva contra os homens.
Ainda permanece nas lutas que travamos um ranço, uma reatividade, uma vingança, não somente contra os homens, mas contra a maternidade, os trabalhos domésticos, os cuidados com os filhos, a fragilidade, a sensibilidade, ou tudo que nos lembre daquilo que um dia fomos. E terminamos nos tornando um ser híbrido, que nasceu não de uma ação, mas de uma reação, um ser que nega a si mesmo, nega seu corpo, seus hormônios suas lágrimas pré-menstruais, e buscam cada vez mais conquistas espaços sociais, honras, que nunca fizeram felizes aos homens e hoje oprime e apaga mulheres cada vez mais sozinhas e poderosas. Que percebem, tarde demais, devido ao limite do nosso relógio biológico, que não era nada daquilo que queriam.
Quem somos mulheres de hoje? Mulheres cada vez mais independentes, mas talvez excessivamente independentes, ou oprimidas pela independência. Por isso mulheres maravilhosas, incríveis, criativas, fantásticas, belas, mas sozinhas, aprisionadas por um plano, um projeto de vida construído em reação a opressão a que fomos submetidas. A hora agora nos exige um novo passo: não se trata mais de tomar um lugar, mas de cria-lo: qual o lugar de nossa diferença, qual o lugar que nos faz florescer? Precisamos construir um espaço que nos caiba e este espaço deve ser necessariamente complexo, como nosso corpo, nossa potencialidade. A mulher expande pra dentro, mas também expande pra fora em forma de broto, filho, criação, invenção.
Fonte: Viviane Mosé – Site: www.vivianemose.com.br
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